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JANELA
João Mendes Ribeiro
Miradouro da Senhora do Crasto, Deocriste / Viana do Castelo gps 41.68726,-8.69436
A instalação da peça é definida pela opção técnica de não afetar o património, criando uma instalação baseada nos elementos existentes e que procura explorar a fruição do espaço e a contemplação da paisagem envolvente. Perante as características únicas do terreiro, pretendeu-se que toda e qualquer intervenção fosse reversível e o menos intrusiva possível, preservando integralmente o caráter original do lugar e o seu valor patrimonial. A peça desenvolveu-se em três atos: em primeiro lugar, propôs-se a relocalização dos bancos de granito existentes, agrupando-os segundo uma linha contínua, paralela ao muro de contenção, a eixo do cruzeiro; em segundo lugar, habitou-se a parede limite do miradouro, voltada a poente, com a introdução de dois bancos “namoradeiras” associados à varanda existente e aos pilares centrais do muro e, em terceiro, inseriu-se uma faixa de reboco caiado, lateralmente à varanda, na qual se propõe a inscrição de uma frase descrevendo o processo construtivo de revestimento da parede. A solução construtiva adoptada abraça o muro existente, sem o ferir, e foi formalizada com metal, um material leve, por oposição ao peso dos muros em pedra pré-existentes, numa linguagem referenciada à obra do arquiteto Carlo Scarpa. A intervenção resulta numa peça esbelta que dialoga com o muro e o miradouro e, simultaneamente, evidencia o património existente. Nesta obra, o uso da palavra escrita tem um duplo sentido, técnico e poético. A primeira asserção corresponde à frase inscrita na faixa de reboco caiado, aplicada lateral-mente à varanda, na qual se descreve o processo construtivo de revestimento da parede (“reboco em cal aérea e areia para caiar a branco”). Com a inscrição, pretendeu-se exemplificar e sugerir, como intervenção futura, o revestimento com reboco à base de cal dos paramentos verticais dos muros, nomeadamente dos tramos em alvenaria de pedra não aparelhada, deixada à vista. Esta operação, mais consentânea com o modo tradicional de intervir, cria uma maior proteção à parede e, simultaneamente, enfatiza os elementos de pedra em capeamentos, cunhais e pilaretes. A segunda, e provavelmente a mais imediata para quem visita o Miradouro da Capela de Nossa Senhora do Crasto, corresponde a uma inscrição de um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen que se relaciona intimamente com a paisagem e com a sua contemplação. O poema escolhido, “Pescador”, fala sobre a analogia entre o lugar e a poesia, sobre ligação entre a terra e o mar. O terreiro e a paisagem envolvente estão em estreita ligação e a introdução desta inscrição reforça essa relação ancestral.
Esboço de sistema construtivo
Diagrama explodido do sistema de encaixe e fixação
Diagrama explodido do sistema de encaixe e fixação
Detalhe de peça em fabricação
Material
Aço.
Dimensões
0.4 x 0.4 x 1.0 m.
Técnica
Bancos em chapa e barras de aço ligadas ao muro em pedra. Prateleira em chapa de aço e latão apoiada na guarda existente.
Material
Aço.
Dimensões
0.4 x 0.4 x 1.0 m.
Técnica
Bancos em chapa e barras de aço ligadas ao muro em pedra. Prateleira em chapa de aço e latão apoiada na guarda existente.
SOBRE O AUTOR
João Mendes Ribeiro é licenciado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e Doutorado pela Universidade de Coimbra, onde é Professor Associado no Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia. Reconhecido com diversos prémios e distinções tais como Prémio Architécti 1997 e 2000; Highly Commended, AR awards for emerging architecture 2000; Prémio Diogo de Castilho 2003, 2007, 2011 e 2017; Prémio FAD 2004 (categoria Interiorismo) e Prémio FAD 2016 (categoria Arquitectura); Gold Medal for Best Stage Design, 11th International Exhibition of Scenography and Theatre Architecture – Prague Quadrennial 2007; IV Prémio Enor 2009 (categoria Portugal); Prémio BIAU (Bienal Ibero-Americana de Arquitectura e Urbanismo) 2012 e 2016; RIBA Award for International Excellence 2016; Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2017; Prémio BigMat 2017. Menção Honrosa no Prémio IHRU 2015 e Prémio Nuno Teotónio Pereira 2017. Nomeado para o DOMUS International Prize for Restoration and Preservation 2017 e European Union Prize for Contemporary Architecture – Mies Van Der Rohe Award 2001, 2005, 2011, 2013 e 2015, do qual foi seleccionado em 2001 e 2015. Finalista da II e IV Bienal Iberoamericana de Arquitectura e Engenharia Civil 2000 e 2004; do Premis FAD d’Arquitectura i Interiorisme 1999, 2001, 2002, 2004, 2006, 2012, 2016 e 2017; do Prémio Enor 2009, 2011, 2014 e 2017; do Prémio 2017 AZ Awards for Design Excellence e do RIBA International Prize 2016. Em 2007 recebeu o prémio AICA da Associação Internacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura, atribuído pelo conjunto da sua obra e em 2006 foi distinguido pela Presidência da Republica com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
www.joaomendesribeiro.com
João Mendes Ribeiro é licenciado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e Doutorado pela Universidade de Coimbra, onde é Professor Associado no Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia. Reconhecido com diversos prémios e distinções tais como Prémio Architécti 1997 e 2000; Highly Commended, AR awards for emerging architecture 2000; Prémio Diogo de Castilho 2003, 2007, 2011 e 2017; Prémio FAD 2004 (categoria Interiorismo) e Prémio FAD 2016 (categoria Arquitectura); Gold Medal for Best Stage Design, 11th International Exhibition of Scenography and Theatre Architecture – Prague Quadrennial 2007; IV Prémio Enor 2009 (categoria Portugal); Prémio BIAU (Bienal Ibero-Americana de Arquitectura e Urbanismo) 2012 e 2016; RIBA Award for International Excellence 2016; Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2017; Prémio BigMat 2017. Menção Honrosa no Prémio IHRU 2015 e Prémio Nuno Teotónio Pereira 2017. Nomeado para o DOMUS International Prize for Restoration and Preservation 2017 e European Union Prize for Contemporary Architecture – Mies Van Der Rohe Award 2001, 2005, 2011, 2013 e 2015, do qual foi seleccionado em 2001 e 2015. Finalista da II e IV Bienal Iberoamericana de Arquitectura e Engenharia Civil 2000 e 2004; do Premis FAD d’Arquitectura i Interiorisme 1999, 2001, 2002, 2004, 2006, 2012, 2016 e 2017; do Prémio Enor 2009, 2011, 2014 e 2017; do Prémio 2017 AZ Awards for Design Excellence e do RIBA International Prize 2016. Em 2007 recebeu o prémio AICA da Associação Internacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura, atribuído pelo conjunto da sua obra e em 2006 foi distinguido pela Presidência da Republica com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
www.joaomendesribeiro.com
SOBRE O LUGAR
Na freguesia de Deocriste, concelho de Viana do Castelo, edificou-se, em meados do século XVI, a Capela de Nossa Senhora do Crasto. Infere-se que terá existido no local uma povoação castreja, ainda que atualmente somente se encontrem a descoberto pequenas evidências de habitações e alguma cerâmica castreja. A localização privilegiada do santuário permite uma vista ímpar sobre a paisagem do Vale do Lima e contrafortes da Serra de Arga. Esta capela servia de ponto de referência para os navios que buscavam o porto de Viana. Na sacristia, podemos encontrar uma caixa em madeira oferecida pela tripulação de um navio vindo do Brasil à Santa da capelinha, pela ajuda que acreditam terem recebido. A arca de madeira continha uma imagem de Nosso Senhor dos Milagres, que presentemente se venera num dos altares laterais do santuário. Todos os anos, no domingo de pascoela, realizam-se as festividades em honra de Nossa Senhora do Crasto e do Senhor dos Milagres, numa romaria muito participada pelas gentes das aldeias do vale do Lima.
Na freguesia de Deocriste, concelho de Viana do Castelo, edificou-se, em meados do século XVI, a Capela de Nossa Senhora do Crasto. Infere-se que terá existido no local uma povoação castreja, ainda que atualmente somente se encontrem a descoberto pequenas evidências de habitações e alguma cerâmica castreja. A localização privilegiada do santuário permite uma vista ímpar sobre a paisagem do Vale do Lima e contrafortes da Serra de Arga. Esta capela servia de ponto de referência para os navios que buscavam o porto de Viana. Na sacristia, podemos encontrar uma caixa em madeira oferecida pela tripulação de um navio vindo do Brasil à Santa da capelinha, pela ajuda que acreditam terem recebido. A arca de madeira continha uma imagem de Nosso Senhor dos Milagres, que presentemente se venera num dos altares laterais do santuário. Todos os anos, no domingo de pascoela, realizam-se as festividades em honra de Nossa Senhora do Crasto e do Senhor dos Milagres, numa romaria muito participada pelas gentes das aldeias do vale do Lima.
Miradouro da Senhora do Crasto, Deocriste, Viana do Castelo