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ABRIGO
FAHR 021.3

Lanhelas / Caminha

gps 41.91258,-8.79226







O espaço de intervenção é um lugar onde o tempo parece abrandar possibilitando uma total comunhão com o meio envolvente. A leitura das marcas do passado e dos vários estratos da paisagem fazem-nos parar e a aproximação à água por entre os campos é um verdadeiro estímulo aos sentidos. Chegando ao lugar sem saída, ficamos simplesmente entre o correr da água e o restolhar dos choupos, apenas expostos aos limites do olhar para a outra margem. A peça desenha um recanto de contemplação, uma moldura que se molda e acomoda ao lugar, repousando à beira-rio e enquadrando a paisagem com o mesmo vagar com que vivemos o local. Neste lugar reconhecemos um conjunto de elementos muito particulares que constroem num todo a sua imagem e identidade. Ao percorrermos a margem do rio Minho podemos ver um conjunto de estruturas ligadas à pesca: as embarcações, as amarras espiadas na margem, as redes expostas ao sol, pequenos abrigos usados para guardar o equipamento da pesca que ocupam toda a frente ribeirinha, entre árvores, como se esperassem o regresso dos pescadores para se tornarem úteis. É aqui que, de repente, a peça integra o contexto, quando os autores a decidem colocar em frente ao rio nessa espera por quem a ocupe e venha preencher a paisagem. Uma relação formal e de composição que torna a peça muito local.

Material
Betão branco.
Dimensões
2.6 x 2.6 x 2.4 m.
Técnica
Molde por vazamento.

Maquete de estudo em papel

Abrigos de pesca existentes

Momento de montagem no local

SOBRE OS AUTORES

FAHR 021.3 é um coletivo fundado por Filipa Frois Almeida e Hugo Reis, ambos formados em arquitetura pela Escola Superior Artística do Porto. Filipa Frois Almeida trabalhou em Berlim, em escritórios como LWArchitekten e J. MAYER H. Estudou também fotografia no IPF e na Imago Galerie Berlim, arrecadando vários prémios. Hugo Reis estudou ainda arquitetura digital e tecnologias de fabricação, tendo integrado os escritórios Arquitectos Anónimos e J. MAYER H., em Berlim. O estúdio FAHR 021.3 procura uma identidade evolutiva e inquietante em torno de processos experimentais com especial foco no cruzamento entre a arte e a arquitetura em espaço público. Distinguido nacional e internacionalmente por projetos como Hairchitecture, Metamorfose, Eclipse e NAPPE (2016-19 em Taiwan), FAHR 021.3 inclui ainda outro projeto, HODOS, que visa a intervenção arquitetónica na paisagem em colaboração contínua com outros ateliers criativos.

www.fahr0213.com

SOBRE O LUGAR

Com assento na margem esquerda do rio Minho, Lanhelas é a freguesia de Caminha mais a norte do concelho. Sendo uma povoação com forte ligação à economia fluvial ao longo dos tempos, guarda profundas memórias e tradições populares. O carocho é disso exemplo, enquanto ícone identitário, fazendo-se visitar na paisagem como um sólido e eficaz meio de navegação. Estendendo-se pela terra num aglomerado de casas graníticas, com especial destaque para a beleza exterior do solar da Casa da Torre, com as suas gárgulas, Lanhelas aloja na zona ribeirinha a sua joia da coroa. Esta beirada de rio, plantada na margem esquerda do rio Minho, além de reserva agrícola com vários terrenos para cultivo, é sobejamente procurada por quem quer fazer uma caminhada pela ecopista, desfrutar de um piquenique ou da paisagem ou ainda dedicar-se à pesca profissional e lúdica.
Lanhelas, Caminha

Implantação da peça