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PEDRA SOBRE ROCHA
André Banha

Miradouro dos Socalcos de Labrujó e Rendufe / Ponte de Lima

gps 41.85991,-8.55  




A proposta de André Banha junto à Capela Senhora de Fátima, no lugar do Pereiro, Rendufe, em Ponte de Lima, traduz-se num volume implantado sobre uma enorme rocha ímpar aí existente. A escultura foi para o artista, desde os primeiros esboços, um regresso a uma linguagem – que já não explorava há algum tempo – da criação de um dispositivo que permitisse a incursão ao interior. Fez-lhe todo o sentido pensar numa peça que proporcionasse a contemplação – sentar, esperar, repousar, observar, e se tornasse complementar à paisagem – pela escala, pela cor, pela forma, pelo título –, que fizesse parte da mesma, convergisse com ela. Composta por vários módulos triangulares, de diferentes dimensões e  ângulos, unidos e estrategicamente orientados, de forma a conseguir-se uma imagem que, no seu conjunto, fosse orgânica. A peça assemelha-se a uma rocha construída sobre a rocha local. Da morfologia do terreno, à transumância dos pastores, vários foram os diálogos que se cruzaram. Pedra sobre Rocha é um piscar de olho a um legado muito particular: faz alusão aos primórdios da marcação no terreno pelo homem, como as ancestrais referências de orientação e de abrigos feitos pelos pastores na transumância do gado no nosso território.

Material
Chapa de ferro e madeira.
Dimensões
0.8 x 1.8 x 15.8 m (sulco). 0.8 x 2.8 x 1.5 m (mira).
Técnica
Chapas de ferro quinadas
em U e acopladas criam o canal artificial e linear que sulca o solo, em confronto com a Natureza.
Estudo prévio da peça em esboço



Primeiros ensaios em maquete





Geometria da peça em axonometria


SOBRE O AUTOR

André Banha nasceu em Santarém em 1980. Vive e trabalha em Coruche. Licenciado em Artes Plásticas, pela Escola Superior de Arte e Design (ESAD) de Caldas da Rainha em 2006. De entre outras, participou nas seguintes exposições coletivas (seleção): ESAD CALDAS 2005 IPL, Caldas da Rainha, 2005; Jovens Artistas, Estado das Artes, Torres Vedras, 2005; LuzBoa, II Bienal Internacional da Luz, Lisboa, 2006; Anteciparte, 3.ª Edição, Lisboa, 2006 – participação em que obteve uma menção honrosa; Coimbra-Aix-en-Provence, Convento de S. Francisco, Coimbra, 2007.
Das suas exposições individuais destacam-se: Segurei-te o pôr-do-sol, VPF cream art gallery, 2008; André Banha, Desenho e Escultura, Academia de Artes dos Açores, 2008; A casa das duas portas, Biblioteca da FCT/UNL, Campus de Caparica, 2010.

www.acasadasduasportas.blogspot.com


SOBRE O LUGAR

Em pleno coração do vale do Lima, a vila mais antiga de Portugal esconde raízes profundas e lendas ancestrais. A ponte, que lhe deu nome, adquiriu uma importância de grande significado em todo o Alto Minho, atendendo a ser a única passagem segura do rio Lima, em toda a sua extensão, até aos finais da Idade Média. Este município é referência obrigatória em roteiros, guias e mapas, pela passagem de milhares de peregrinos rumo a Santiago de Compostela. Ponte de Lima é ainda reconhecida pela riqueza plural das fachadas góticas, maneiristas, barrocas, neoclássicas e oitocentistas, que lhe atribuem outra dimensão em termos de valor histórico, cultural e arquitetónico. O concelho de Ponte de Lima conta, ainda, com alguns miradouros naturais que convidam à subida e à observação das magníficas paisagens e da biodiversidade do Vale do Lima. O miradouro dos Socalcos de Labrujó e Rendufe é um local de rara beleza. Os socalcos assemelham-se a uma escadaria salpicada pelos verdejantes campos e os ribeiros a serpentearem a encosta serrana complementam a panorâmica.


Peça em estaleiro
Implantação da peça